No início do século
XX, José Garcia da Silva e sua esposa Isolina da Silva, na época moradores na
cidade de Mesquita, por uma graça alcançada, prometeram doar à comunidade do
“Galo”, posteriormente Belo Oriente, uma imagem de Nossa Senhora da Piedade.
A promessa foi
cumprida, com uma imagem adquirida no Rio de Janeiro, despachada via Estrada de
Ferro Central do Brasil, até a cidade de Santa Bárbara, onde, em 1912, foi
inaugurada uma estação. O fato ocorreu entre 1912 e 1916, mas ainda não temos
conhecimento sobre o translado da imagem até “Piedade do Galo”. É possível que
tenha chegado a Mesquita através de São Gonçalo do Rio Abaixo. Se fosse hoje, a
imagem teria chegado embalada a seu destino sem nenhuma comoção popular. Mas no
início do século XX, o translado foi um grande acontecimento, a imagem
conduzida por uma comitiva, em padiola (andor), às vezes em carro-de-boi,
passando por vários obstáculos, a imagem sendo recebida festivamente por onde
passava, nas paradas de descanso ou pernoite do cortejo, talvez com direito a
queima de fogos e banda de música. E assim foi passando por cidades, arraiais,
fazendas, proporcionando em cada parada momentos de fé e emoção. É impossível
que não tenham sido realizados registros sobre esse acontecimento em paróquias,
em reportagens de pequenos jornais regionais, e mesmo registros fotográficos.
A tradição oral nos
legou que a última parada desse translado devocional se deu na cidade de
Mesquita, onde a imagem e comitiva pernoitaram e de lá, festivamente em
cortejo, conduziram a imagem ao seu destino, a comunidade de Piedade do Galo: a
última etapa do cumprimento de uma promessa.
Segundo a senhora
Maria Celeste de Abreu (residente em Belo Oriente) “essa imagem desapareceu no
período da demolição da antiga igreja local, na década de 1960”. Caso tenham
alguma informação sobre essa história, compartilhem.
Elvécio Eustáquio
da Silva, sobrinho-neto de José Garcia da Silva, neto de Joaquim Simões da
Silva e Josefina Lacerda de Oliveira.
Para saber mais:
Gustavo Werneck, Jornal Estado de Minas, 20/01/2018. Maria Celeste de
Abreu, Sertão Bravo do Rio Doce, pp 216 a 217. Belo Oriente.
2000.