RÉPLICAS
A utilização de réplicas para a salvaguarda de bens culturais significativos é comum em países europeus
e em muitos outros.
Já aqui Brasil, este procedimento é pouquíssimo
difundido e, às vezes, provoca grande polêmica, como por exemplo
o processo que se desencadeia para a transferência dos “Profetas de Aleijadinho”
em Congonhas do Campo para um museu. Em
seu Iugar seriam colocadas
representações dos originais deste conjunto escultórico, que é de reconhecimento nacional
internacional. Esta proposta
tem grande debate entre intelectuais e especialistas.
Às vezes polêmica,
mas eficaz, principalmente representar, em seus devidos
lugares, os originais que se encontram expostos ao relento, protegendo-os das intempéries da
natureza, dos efeitos da poluição e
de atos de vandalismo, a utilização de
réplicas constitui-se, também,
em um recurso devidamente
qualificado para compor coleções para mostras
itinerantes, pedagógicas, educativas e promocionais.
Além disso, quando
um bem cultural passa por
um atentado, a existência de uma réplica muito
contribuirá para a eficácia de sua restauração.
Entretanto, pessoas
movidas pela boa intenção
e pela fé não são capazes de perceber tal situação.
De uma maneira respeitosa, precisam ser provocadas para se sensibilizarem com o fato.Através de palestras sobre educação patrimonial essas pessoas passariam a tomar consciência da
importância e da necessidade de mudarem de atitude para contribuírem com a preservação de seus objetos devocionais. Assim, perceberiam que a melhor solução
seria
a adoção de uma réplica para aquele objeto ou
imagem de sua veneração.
Daí
vem o impasse. A confecção de uma réplica é um trabalho
de especializaçao notória, de alto
custo, sendo também de alto custo para as comunidades a restauração de peças já danificadas. Como resolver esta situação?
Por outro Iado, não é tradição
das administrações públicas
e das paróquias contemplar projetos
desta natureza.
A presença
de um bem cultural, quer seja ele profano ou sagrado, patrimônio de um município, em
stands de eventos promocionais de suma importância,
porém, muitas vezes determinados bens
identitários só poderão estar presentes se for através de suas réplicas, as quais podem ser
transportadas sem restrições para
qualquer Iugar do país, além de poder
ser expostas em múltiplos espaços da
própria cidade, popularizando-as e agregando valor à identidade desta comuna. Além disso,
é também possível
produzir réplicas em
tamanhos reduzidos, que podem ser adotadas como troféu da
cidade, brinde oficial, ou simplesmente como souvenir para sua comercialização.
Os
objetos sagrados que se encontram
expostos à veneração
pública muitas vezes são arrebatadores
de multidões, tornando-se receptíveis a atentados.
A utilização de uma réplica para representá-
lo certamente garantirá
a sua permanência.
As nossas imagens procissionais constituem- se num caso bem específico, em que a utilização de réplicas resolveria o problema. Trata-se
de imagens em sua maioria já bicentenárias, esculpidas em madeira.
Além do assédio dos fiéis, do manuseio
indevido
por mãos que não foram sensibilizadas para esta atividade, ficam expostas ao sol, ao sereno da madrugada e, às vezes, às águas das chuvas,
situações essas não recomendáveis à sua boa conservação.
Soma-se a isso os solavancos a que são submetidas durante
seu translado em cortejo, e a maneira
quase sempre inadequada com que são fixadas nos andores.
Tudo isso resulta em perda de policromia, abalos em suas estruturas,
além da perda das partes mais frágeis e vulneráveis, como os dedos e os
lances esvoaçantes do panejamento.
Diante do exposto, qualquer
leigo percebe que, nestes casos, alguma providência deve ser tomada,
sendo a adoção de uma réplica a solução mais
adequada.
Através da mídia, só constatei até hoje a existência
de réplicas das imagens de Nossa Senhora Aparecida,
em Aparecida do Norte, de Nossa Senhora de
Nazaré, no Pará, e dos profetas em Congonhas do Campo. Já através de
informação oral, certifiquei-me da existência
da réplica de Nossa Senhora do Bom Sucesso, em Caeté.
A nossa cidade, Nova Era, também está
incluída neste rol de cidades que tomaram esta iniciativa. Trata-se
de uma réplica imagem bicentenária de São José da Lagoa, nosso
padroeiro, que é transportada em procissão anualmente, como também quando presente em outras celebrações religiosas.
Este foi um sonho concretizado graças
ao empenho, a colaboração e o apoio
de membros da comunidade nova-erense.