Francisco Vieira Servas, artista português, entalhador
e escultor, nascido em 1720 na região do Minho, que, como muitos outros jovens
de seu tempo, se sentiu seduzido pelas narrativas que do além mar em sua terra
chegavam, onde eram contadas e recontadas, sobre o eldorado em terras do sertão
adentro no Brasil colônia. Chegar a essas terras passou a ser a sua meta, de
alguns de seus familiares e de muitos outros patrícios , principalmente das
regiões mais pobres, como o norte de Portugal, onde ele nasceu e lá vivia
juntamente com a sua família.
O sonhado território onde Servas e seus familiares
pudessem ser acolhidos, receber concessões de títulos de terra, melhores
condições de sobrevivência, mercado de trabalho promissor onde fosse possível
se afirmar como oficial entalhador e ser reconhecido como tal, colocar em
prática informações sobre novas formas decorativas que já se prenunciavam em Portugal, em especial as lições que
certamente recebera do mestre entalhador Francisco Vieira da Torre, seu
padrinho de Batismo. E assim nessa expectativa partiram para a travessia do
Atlântico, para viver uma grande e bem sucedida aventura nos sertões das
Gerais, tumultuado e promissor território, dinâmico canteiro de obras, efervescência social e cultural, circularidade
de informação. Mas não se sabe ainda em qual porto e a data da chegada de
Francisco Vieira Servas, juntamente com a sua comitiva ao Brasil Colônia.
É de relevante importância á Constatação documental
da presença de Vieira Servas em 1753, em Catas Altas, o documento que relevou o
artista e a sua presença no Brasil Colônia, especificamente na capitania de
Minas Gerais, onde tornou-se um profissional conceituado.
A sua articularidade nos centros mais dinâmicos, como
também nas periferias dessa Capitania é fato já devidamente comprovado,
principalmente regiões hoje denominadas Circuito do Ouro, onde deixou as suas
marcas, discípulos e um lastro de história, que paulatinamente vem sendo
desvendado.
A dinâmica de mercado de trabalho e diversidade de
informação reinante nos contextos incomuns da Capitânia, somados a sua carga de
conhecimento advinda de sua terra, obviamente determinaram a sedimentação
estética em sua obra surpreendentemente rococó, imprimindo nesse novo estilo a
sua identidade. Uma obra mantida numa linha coesa em seu conjunto, mas sem
perder o vigor, a constante e requintada mutação, sempre nos surpreendendo.
Artista que tornou-se respeitado em seu tempo, hoje
a sua arte encanta, e juntamente com arte de seus pares enobrece o patrimônio
cultural do nosso estado e do nosso país. Patrimônio de relevância para a
desejada consolidação do desenvolvimento de atividade turística na microrregião
do Vale do Rio Piracicaba.
Segundo o historiador português Eduardo Pires de
Oliveira, Francisco Vieira Servas foi um dos melhores exemplos de arte destes
dois mundos (Brasil/Portugal), que, apesar de separados por mais de 9.000
quilômetros de distancia, têm tantos ou mais pontos de união que de separação.
Elvécio Eustaquio da Silva
2015
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