quinta-feira, 8 de outubro de 2020


 Do livro Minas Gerais em 1925, organizado por Victor Silveira


Olympia Angélica de Almeida Cotta, (Santa Rita Durão, distrito de Mariana1889 — Ouro Preto1976), mais conhecida como Sinhá Olímpia, foi uma notória habitante da cidade histórica brasileira de Ouro Preto que circulava pelas ruas contando histórias, pelas quais pedia algum dinheiro em troca. Foi considerada por Rita Lee a primeira hippie do Brasil e transformou-se em musa de Carlos Drumond de Andrade e de Milton Nascimento.[1] Atualmente Sinhá Olímpia é referência para inúmeros locais de Outro Preto, Mariana e região, como escolas de samba,[2] pousadas e restaurantes.

Biografia

Filha de pai rico, Sinhá Olympia apaixonou-se na juventude por um farmacêutico pobre e foi proibida de viver o romance. Contam até que o rapaz, pouco tempo depois, faleceu de tristeza. Daí o motivo de sua loucura. Costumava usar vestimenta do século XVIII, chapéus extravagantes e cajado na mão, tinha por hábito contar histórias de outros tempos como se as tivesse vivido, como por exemplo o fato de ter convivido com o alferes Joaquim José e que era amada pelo poeta revolucionário Cláudio Manoel da Costa.[1] As pessoas que lhe eram mais chegadas era comum que pedisse, entre um conto e outro, uma dose de pinga. Em 1984, o programa especial "Tiradentes Nosso Herói", da Rede Globo, trouxe a canção "Sinhá Olímpia", de Daltony Nóbrega e Lafayette Galvão, cujo refrão é "Sinhá Olímpia, quem é você?", já que ela representava tantos papéis da História. Em 1990, sua história virou samba-enredo da Escola Estação Primeira de Mangueira. Em sua casa hoje funciona a Cachaçaria Milagre de Minas.

 

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Sinh%C3%A1_Ol%C3%ADmpia


segunda-feira, 5 de outubro de 2020

Dionísio

 

DIONÍSIO

Elvécio Eustáquio da Silva

Dionísio é uma pequena cidade do interior de Minas. Sobre sua origem há uma lenda que difere de muitas outras sagas de origem, geralmente de cunho místico devocional.

Segundo uma passagem de um livro sobre a cidade de São Domingos do Prata (referência mais abaixo), há uma narrativa popular sobre dois jovens, iniciada na antiga Vila Rica (Ouro Preto). Lá vivia um homem muito rico, da mais alta sociedade. Ele tinha 3 filhas. Uma delas, Ricardina, de rara beleza. Entre os jovens apaixonados por ela, o mais entusiasmado era um soldado pobretão, chamado Dionísio. O pai da jovem, claro, jamais permitiria que Dionísio se aproximasse de sua filha. Mas Dionísio estava decidido a viver com sua amada Ricardina.

A oportunidade veio quando o pai da moça se envolveu em um crime e foi parar na prisão. Dionísio, então, propôs a Ricardina libertar o pai e fugirem, os três, para um lugar seguro, bem longe de Vila Rica. Aceita A proposta, os três se embrenharam em matas, atravessaram montanhas, margearam rios.

Numa noite, enquanto Ricardina dormia, seu pai desapareceu. Dionísio não conseguiu explicar o desaparecimento dele (teria Dionísio o assassinado?), mas prosseguiram viagem. Um dia, toparam com dois policiais que estavam a caminho de Vila Rica. Estes ficaram desconfiados do casal. Discutiram e Dionísio matou um deles. Ricardina apresentava sinais de fraqueza, de fadiga intensa, agravada por uma grande tristeza pelo sumiço do pai, e uma crescente desconfiança em relação a Dionísio, arrependendo-se de ter aceito tal plano de fuga. Acabou adoecendo e morreu sem chegar ao local desejado.

Prosseguindo em sua desventura, Dionísio chegou a um baixadão e ali, entre árvores frondosas e olhos d’água, montou acampamento. Com o tempo, tornou-se o local referência, ponto de parada de forasteiros. Ali, então começou a surgir uma comunidade, recebendo o nome de Dionísio. Viveu ali até quando ninguém sabe, e nada mais sabemos sobre ele.

Mas, segundo o historiador Affonso Taunay, o nome da cidade é proveniente do minerador Dionísio da Costa, “natural de Iguape e falecido em Santos (SP), com 110 anos de idade”. Na página 385, do Tomo nono dos Bandeiras Paulistas, editado em 1948, está escrito: “Capitão e juiz. Pessoa de muito respeito, eternizara o nome, porque ao princípio das descobertas em Minas tivera lavra mineral tão grandiosa que dela se tirava um aratel de ouro (cerca de meio quilo) em cada bateada, ficando o lugar denominado Dionísio da Costa, mais tarde simplesmente Dionísio. Deve ser o lugar ainda hoje assim conhecido”. (Transcrito por Pedro Maciel Vidigal em sua obra “Minha terra e minha gente”, p.209 –Gráfica e Editora O Lutador, BH, 2003.

Realmente, “será o lugar ainda hoje assim conhecido” como indaga o historiador, ou já existiu uma outra localidade com essa mesma denominação ou seria mera coincidência de nomes?

Para saber mais: Pedro Tanques de Almeida Paes Leme – Nobiliarquia Paulistana – História e Genealogia. Páginas 122 1 123. Editora Itatiaia, 5ª edição, 1980.

Luiz Prisco Braga. História do Município de São Domingos do Prata, 1946, pp. 43 a 46.

Primavera de 2020.