terça-feira, 17 de maio de 2022

Uma jornada devocional de Santa Bárbara a Mesquita e a Belo Oriente

 


 

No início do século XX, José Garcia da Silva e sua esposa Isolina da Silva, na época moradores na cidade de Mesquita, por uma graça alcançada, prometeram doar à comunidade do “Galo”, posteriormente Belo Oriente, uma imagem de Nossa Senhora da Piedade.

A promessa foi cumprida, com uma imagem adquirida no Rio de Janeiro, despachada via Estrada de Ferro Central do Brasil, até a cidade de Santa Bárbara, onde, em 1912, foi inaugurada uma estação. O fato ocorreu entre 1912 e 1916, mas ainda não temos conhecimento sobre o translado da imagem até “Piedade do Galo”. É possível que tenha chegado a Mesquita através de São Gonçalo do Rio Abaixo. Se fosse hoje, a imagem teria chegado embalada a seu destino sem nenhuma comoção popular. Mas no início do século XX, o translado foi um grande acontecimento, a imagem conduzida por uma comitiva, em padiola (andor), às vezes em carro-de-boi, passando por vários obstáculos, a imagem sendo recebida festivamente por onde passava, nas paradas de descanso ou pernoite do cortejo, talvez com direito a queima de fogos e banda de música. E assim foi passando por cidades, arraiais, fazendas, proporcionando em cada parada momentos de fé e emoção. É impossível que não tenham sido realizados registros sobre esse acontecimento em paróquias, em reportagens de pequenos jornais regionais, e mesmo registros fotográficos.

A tradição oral nos legou que a última parada desse translado devocional se deu na cidade de Mesquita, onde a imagem e comitiva pernoitaram e de lá, festivamente em cortejo, conduziram a imagem ao seu destino, a comunidade de Piedade do Galo: a última etapa do cumprimento de uma promessa.

Segundo a senhora Maria Celeste de Abreu (residente em Belo Oriente) “essa imagem desapareceu no período da demolição da antiga igreja local, na década de 1960”. Caso tenham alguma informação sobre essa história, compartilhem.

Elvécio Eustáquio da Silva, sobrinho-neto de José Garcia da Silva, neto de Joaquim Simões da Silva e Josefina Lacerda de Oliveira.

Para saber mais: Gustavo Werneck, Jornal Estado de Minas, 20/01/2018. Maria Celeste de Abreu, Sertão Bravo do Rio Doce, pp 216 a 217. Belo Oriente. 2000.